2019: Ano do Discipulado

“E o que ouvistes de mim diante de muitas testemunhas, transmite a homens fiéis e capacitados, afim de que possam igualmente discipular a outros.” 2Tm. 2.2

Chegamos a 2019 com uma direção para nossa Igreja: fazer desse, o ano do Discipulado. Essa direção, vem como um desafio de Deus para nossa Igreja de vivenciar uma realidade que extrapole o mero discurso religioso que empolga, emociona mas não muda nada nem ninguém. Só a vivência radical dos valores do Reino produz transformação, tanto em nós quanto aos que estão à nossa volta.

E é exatamente essa vivência que chamamos DISCIPULADO. Não técnicas para crescimento de igreja, não cursos cheios de apostilas, mas um estilo de vida, onde minhas decisões são pautadas pelos valores e direções que vou recebendo no dia-a-dia com Cristo. Assim, no ambiente onde você está todos os dias, o Reino vai se manifestando, de forma natural, sem necessidade de forçarmos situações, apenas flui...

Porém isso não é a realidade de muitos mesmo frequentando igrejas. Muita gente aprendeu a viver a fé como expectador. Todos os cultos ele está lá para ver um bom louvor, uma boa palavra, faz suas avaliações, suas críticas e volta para sua vida “normal”. Muitos vão ao templo com a mesma atitude que vão a um cinema ou teatro. Outros vivem sua experiência religiosa como consumidores. Chegam nos templos trazendo suas listas de necessidades e esperando um bom atendimento. Muitas vezes, entendem que suas demandas não foram supridas e vão procurar outro mercado/igreja que os atenda de forma mais satisfatória.

Certamente modelos assim não experimentam a realidade do Reino. São esses que permanecem anos em nossos templos, mas da mesma forma, sem crescimento, sem maturidade, sem raízes aprofundadas (que tanto buscamos em 2018). Esses vivem com nome de cristãos, porém não levam Cristo por onde andam, não são agentes de transformação nos locais onde vivem, nem eles, nem quem convive com eles, experimentam mudanças. São tanques de águas paradas, gerando lodo e pragas...

O verso que nos inspira nessa jornada dá-nos excelentes dicas do que é ser um discípulo, medite comigo:

“E o que ouvistes de mim diante de muitas testemunhas, transmite...”

Essa foi a fórmula para a expansão extraordinária da Igreja primitiva. É impressionante percebermos que nada do que recebemos de Deus é somente para nós, NADA! Os milagres nunca eram operados como um fim em si mesmos, ou seja, nunca era só para alegrar aos que o receberam, mas sempre para apontar para o Reino de Deus que chegara. Quando João Batista mandou seus discípulos conferirem se Jesus era o Messias, ouve a seguinte resposta de Jesus: “Os cegos enxergam, os mancos caminham, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as Boas Novas estão sendo pregadas aos pobres.” Mt. 11.4-5

Os sinais tinham uma única função: apontar a chegada do Reino. Tudo que você recebe de Deus é para anuncio do Reino. Se Deus prospera alguém, espera que esse alguém abençoe outros, se Deus abre uma porta de emprego, espera que você seja benção nesse lugar, se Deus lhe concede um cônjuge, espera que esse casamento reflita a glória Dele, se lhe dá um filho, espera que você o ensine no caminho em que deve andar... Enfim, somos leito e não represa!

A quem transmitir?

Importante perceber que ouvintes todos podem ser, mas discípulos não. Ao orientar Timóteo que transmita o que ouviu, coloca duas observações:

Homens Fiéis

Fidelidade fala da constância em compromissos assumidos com alguém. Ser fiel é respeitar algo ou alguém, ter zelo por aquilo ou por aquele com quem se compromete.

Temos vivido dias de infidelidade. Em todos as áreas está difícil encontrar gente fiel. Muitos são fiéis até perder um cargo, até serem contrariados, até as coisas saírem de seu controle, até seus interesses pessoais falarem mais alto, enfim. Um ditado, ao meu ver maligno, diz que “a ocasião faz o ladrão”. E nesse caso, a ocasião faz o infiel.

Ser fiel é uma atitude de gente nobre, que por vezes nos faz abrir mão de direitos, vontades, interesses pessoais para manter-se fiel a votos, a palavras empenhadas, a decisões tomadas.

Homens Idôneos

Idoneidade fala de duas coisas importantes:

Primeiro, idoneidade fala daquele que se adequa, que serve perfeitamente a um propósito. Então, um discípulo idôneo é alguém que se adequa ao Evangelho, aos valores do Reino e passa a viver segundo eles. O que mais vemos hoje, são pessoas querendo que o Evangelho se adeque a elas e suas filosofias. Gente cheia de argumentos, achando que podem convencer o Espírito Santo e mudar a realidade do Reino. Estes não poderão ser considerados discípulos pois desprezam o ensino do mestre.

Segundo, idoneidade é característica de pessoas que são consideradas moralmente certas, honestas e íntegras. Você já se decepcionou com pessoas, que no primeiro momento te apresentaram um discurso fantástico, mas depois a prática deles lhe escandalizaram? Eu já. Os púlpitos das igrejas estão cheios de gente assim. Existem pregadores que enchem templos com grande oratória e performances impressionantes, mas que sua vida é um escândalo. Na maioria dos casos, são pregadores itinerantes (nada contra esse tipo de ministério, pois existem pessoas seríssimas), mas porque se ficarem algum tempo no mesmo local, logo são desmascarados. E por que elas não podem ser discípulas? Porque discipulado não é discurso, é vida. E uma vida que inspire é uma vida séria, equilibrada e constante. Costumo dizer que a credibilidade é algo que se demora para adquirir, mas que rapidamente é perdido.

Responda: Você reúne as características que Paulo apresentou como necessárias aos que deveriam receber os ensinos de Timóteo? Vamos olhar sinceramente para nossa vida e perceber se temos sido homens/mulheres fiéis e idôneos/as. Quem sabe não possamos aproveitar o início de um novo ano como um marco simbólico para uma grande mudança, onde deixamos que nossas máscaras caiam, assumimos quem realmente somos e deixamos o Espírito fazer as mudanças necessárias...

Discipula/instrua a outros

Perceba que esse versículo abrange quatro gerações de líderes piedosos, de Paulo, passando por Timóteo, por homens fiéis até chegar a outros. Esse processo de reprodução espiritual, que começou na igreja primitiva, deve continuar até a vinda do Senhor. Nós fazemos parte desse processo.

Historicamente, quando uma geração falha na comunicação do Evangelho, no discipulado, a outra tem problemas. Se eu falho no legado deixado ao Daniel, ele terá problemas. Que tipo de fé meu filho vê em mim? Parto de dentro de minha casa para então pensar no macro: que tipo de fé, de Evangelho, de vida cristã a próxima geração verá em nós?

Como nossa geração será marcada, conhecida? Como cristãos inconstantes, que em um dia estavam na igreja cheios de disposição e no outro perdidos? Como cristãos incoerentes, com belos discursos nos lábios, mas com práticas vexatórias? Como cristãos que se acostumaram demais a esse mundo que esqueceram sua condição de peregrinos?

E então, o que vamos fazer em 2019? Penso que podíamos nos empenhar em fazer a única coisa que Jesus nos mandou fazer: Discípulos! Foi isso que Ele nos mandou em Mt. 28. 19-20. Ir e pregar, ensinar, fazer discípulos, viver a fé com alegria a ponto que ela transborde em nós e respingue em quem está a nossa volta. Ir, e transpirar tanto o amor de Jesus que seja impossível que as pessoas perto não percebam, não sintam o cheiro, não vejam em nós o que Ele está fazendo.

Vamos?

Feliz Ano Novo,

Pr. Giovani Zainotte