No Ano do Discipulado, precisamos de um coração aquecido!
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Maio é o mês em que os metodistas celebram o dia do coração aquecido. Mas você sabe o que significa isto? Então, na pastoral desse mês quero mostrar a você a experiência que marcos o Rev. John Wesley e que nos serve de inspiração na busca de uma vida em discipulado cheia do mover do Espírito Santo.
Em janeiro de 1738, Wesley está de volta à Inglaterra depois de uma experiência frustrante na América. Ele estava fortemente convencido de que a causa da sua insegurança era a incredulidade e de que a obtenção de uma fé viva e verdadeira seria fundamental. Na conversa com Pedro Bohler, como que preparada por Deus assim que ele chegou a Londres, surpreendeu-se ao ouvi-lo dizer que a verdadeira fé produzia dois frutos inseparáveis, o domínio sobre o pecado e a paz constante surgida da consciência do perdão. Tais ensinamentos pareceram-lhe um novo Evangelho e, se aquilo tudo fosse verdadeiro, ele não tinha fé.
Cheio de crises e questionamentos, Wesley aproxima-se do dia que marcará sua história para sempre: 24 de maio de 1738. O dia começa com sinais de que algo estava por acontecer. Às 5h da manhã, abrindo aleatoriamente o Novo Testamento, deparou-se com 2Pe. 1.4: “Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas para que, por elas, vos torneis co-participantes da natureza divina”. Ao sair de casa, abriu novamente a Bíblia e leu Marcos 12.34: “Não estais longe do reino de Deus”. À tarde, convidado à Catedral de St. Paul, ouviu o Salmo 130: “Das profundezas clamo a Ti, Senhor. Escuta, Senhor, a minha voz: estejam alertas Teus ouvidos às minhas súplicas. Se observares iniquidades, quem, Senhor, subsitiria? Contigo, porém, está o perdão, para que Te temam... Espere Israel no Senhor, pois no Senhor há misericórdia, copiosa redenção. É Ele quem redime Israel de todas as suas iniquidades”.
Com expectativa Wesley participou do culto, mas, sem que nada de extraordinário acontecesse, ele voltou para casa. À noite, foi sem vontade a uma sociedade na Rua Aldersgate, onde alguém lia o prefácio da Epístola aos Romanos, de Lutero. Às 8h45, enquanto descrevia a mudança operada por Deus no coração por meio da fé em Cristo, ele sentiu seu coração estranhamente aquecido. Sentiu que confiava em Cristo, apenas em Cristo, para a salvação e experimentou a segurança de que Ele havia perdoado os seus pecados e o livrado do pecado e da morte. (Rm. 8.2)
Após aquela experiência, começou a orar, com todas as forças, especialmente pelos que o tinham ultrajado e perseguido. Em seguida, testemunhou abertamente a todos ao redor o que havia sentido pela primeira vez em seu coração.
Ao sair dali seu primeiro impulso foi repartir com o irmão mais novo a experiência. John Wesley escreveu: “Por volta das 10 horas, meu irmão foi-me trazido em triunfo por um grupo de amigos e declarou: ‘Eu creio’. Cantamos alegremente um hino e oramos”.
O coração “estranhamente aquecido”, que John Wesley relata é para nós sua experiência de batismo no Espírito Santo. Essa experiência marcante e extremamente necessária na vida de todo cristão.
A mesma experiência que lemos no livro de Atos dos Apóstolos, sobretudo no capítulo 2, quando o povo foi cheio do Espírito e “começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os habilitava” (At. 2.4).
Não existe discipulado sem o poder do Espírito Santo! Wesley testificou isso. Embora esforçado, temente, determinado, abnegado, seus frutos eram medíocres, seu ministério marcado por fracassos. Nunca leríamos e nos inspiraríamos na história de Wesley, se ele não tivesse tido seu coração abrasado naquele 24 de maio. Seu legado alcançaria algumas poucas pessoas, mas não alcançaria nações como aconteceu. Isto porque, Wesley foi tão somente um instrumento, mas o poder que abalou a Inglaterra e tantos outros lugares e fez nascer um dos maiores movimentos de avivamento da história do Cristianismo era do Espírito Santo!
A capacidade intelectual, o esforço, a dedicação de Wesley não seriam capazes de construir essa história! Não veja Wesley como um homem superior a você, ele não era. Os relatos de sua vida antes de 24 de maio nos deixam claros essa verdade. Sua história nos mostra sim, o que podemos fazer na força do Espírito!
Partilho com você algumas lições que tiro ao ler a vida de John Wesley:
1. Sem o Espírito Santo, somo limitados demais. Fadados ao fracasso. Por mais que lutemos, que nos dediquemos, não conseguiremos mais do que ficar cansados e desanimados.
2. No poder do Espírito podemos fazer coisas inacreditáveis. Podemos ir onde nunca imaginamos. Ninguém para um homem, uma mulher, uma comunidade cheia do Espírito Santo de Deus.
3. O Espírito Santo não cabe dentro da religião. A consequência de um homem tomado pelo Espírito foi a resistência de uma religião que havia perdido o fervor e tinha medo de “perder” o controle. A Igreja Anglicana, da qual Wesley era ministro ordenado, proibiu que ele subisse em seus púlpitos. Seu discurso era “revolucionário” demais. Acredite: nada mudou, o mesmo acontece ainda hoje.
4. O Espírito Santo é um tesouro a ser cultivado. Infelizmente os templos que um dia ficaram lotados na Inglaterra para ouvirem Wesley, hoje estão se transformando em boates, em restaurantes, em museus... O movimento metodista em muitos lugares do mundo, perdeu o frescor, o vigor do Espírito Santo. A igreja Metodista em muitos lugares, a exemplo da igreja mãe, anglicana, engessou-se e deixou de ouvir o seu Senhor. O que muitos chamam hoje de metodismo, não tem absolutamente nada haver com o movimento dinâmico, ousado e poderoso liderado pelo Rev. John Wesley no séc XVIII.
Uma das frases mais conhecidas de Wesley dizia: “Não tenho medo de que o povo chamado metodista um dia deixe de existir, tanto na Europa como na América; mas tenho medo de que exista somente como uma seita morta, tendo forma de religião sem poder”. Me entristece ver que em muitos ambientes o medo de Wesley se materializou.
Diante disso, nós, metodistas no Brasil, na sétima região, em Itaocara, temos dois caminhos à nossa frente: Permanecer agarrados a tradições mortas, vivendo à sombra de uma história bela, mas que não pode fazer nada além de inspirar, ou, dobrarmos nossos joelhos e clamarmos: faz de novo Senhor!
Eu quero ter meu coração estranhamente aquecido, e você?
Deus nos abençoe,
Pr. Giovani Zainotte